Por coincidência acabo de ouvir no rádio do carro um som dos Tribalistas. Eldorado-FM. Como era de se esperar, muito fraquinho. Algo como o clube da esquina sem o Milton, o Lô e o Toninho Horta. Arnaldo Jabor, que também não vale o ar que respira, disse algo aproveitável sobre o ator Robin Williams: é um falso bom ator.
O mesmo pode se dizer sobre Marisa Monte, é uma falsa boa cantora. Para quem não conhece música, ou a ouve desatentamente, pode ela parecer razoável. Mas é um som de plástico, um ícone da horizontalidade. Repare os gorjeios idênticos e os finais de frase que parecem cortados com régua e estilete: parece que ela acha tão linda a própria voz que copia a si mesma. Interpretar exige mais do que técnica, é necessário também desprendimento e disponibilidade. E espírito. Não sei qual crítico que uma vez escreveu que Marisa é o tipo de som classe-média, para se ouvir na sala de jantar, num papo cabeça depois do expediente. Contenta sem transgredir.