O Imperador Wu, da dinastia Liang, solicitou a Fu Daishi (Fu-ta-shih, 497-569) que discursasse a respeito de um sutra budista. Daishi sentou-se solenemente no local indicado, mas não disse uma palavra. O Imperador insistiu: “Pedi que fizésseis um discurso, por que não começais a falar?” Um dos atendentes do Imperador de nome Shih disse: “O Daishi já acabou de discursar”. Que sermão pregou este filósofo silencioso budista? Mais tarde um mestre Zen, comentando essa palestra, observou: “Que eloqüente sermão ele fez!” Vimalakirti, herói do sutra que traz o seu nome, tinha o mesmo modo de responder à pergunta: “Qual é a doutrina absoluta da não dualidade?” Alguém replicou: “Trovejante é, na verdade, o silêncio de Vimalakirti”. Seria realmente tão ensurdecedora essa mensagem, procedente de uma boca fechada? Sendo assim, sustarei a minha língua agora e todo o Universo com todo o seu alvoroço e burburinho será imediatamente absorvido no silêncio absoluto. Mas o mimetismo não transforma uma rã numa folha verde. Onde não houver originalidade criadora não haverá Zen. Tenho de dizer: “Muito tarde, muito tarde! A flecha já partiu da corda que a impele”.
D.T. Suzuki
D.T. Suzuki
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