2003-04-23

Alguns escritores dão vida a palavras e outros dão palavras à vida.
Em uma das últimas falas de "Changing Lanes", o personagem interpretado por Ben Afleck conta uma pequena história que é comum a muitas pessoas. O gancho, evidentemente, é o fato de o filme tratar do imponderável e do acaso: dois homens (Ben Afleck e Samuel L. Jackson) colidem levemente seus automóveis, e as conseqüências desse aparente simples contratempo afetam decisivamente suas vidas.

A história lembrou-me o cerne de "Eyes Wide Shut", Stanley Kubrick. (Curiosamente Sidney Pollack faz personagens secundários em ambos os filmes). Tom Cruise (Missão Impossível 2) é jogado em uma peregrinação sensual depois que sua mulher (Kidman) lhe confessa uma traição imaginária, uma paixão espiritual impossível de ser superada ou vingada. (Poderia trabalhar como escritor de sinopses, eu sei....).

Voltando ao “Changing Lanes”, o roteirista principal, Michael Tolkin, escreveu também “The Player” , Robert Altman. É fera.
A história contada por Afleck é também sobre o impulso que sentiríamos, alguma vez, de nos aproximarmos de alguém (geralmente alguém que nos atrai intensamente). Impulso que supostamente alteraria a linha de nossa vida e, por algum motivo, não satisfazemos.
Eu cito de memória, mas lembro que ele descreve essa sensação mais ou menos assim:
"Não todos os dias, mas ao menos uma vez por semana ou uma vez por mês, eu penso nela. E de como poderia ter sido se eu tivesse ao menos falado com ela...
E sinto saudades de uma vida que eu não tive."

2003-04-10

"Acima de tudo, este país tem um débito enorme com a injustiça que foi a escravidão no Brasil".
Disse o ministro da justiça Márcio Thomaz Bastos em uma coletiva de imprensa com repórteres estrangeiros sobre as cotas raciais para cargos públicos, contratações e universidades. Leia o artigo (já em português) em que Larry Rohter, correspondente do New York Times, expõe a questão racial brasileira para os leitores estadunidenses.

2003-04-05

Publiquei, no Leste ou não Leste, o texto de Slavoj Zizek que saiu no Mais de 30.3.2003. A indicação quase homônima, porém irrecusável, foi de Ricardo Rizek. Apesar de a tradução para o português estar horrível, não deixem de ler.
IRAQUE PRÓ E CONTRA

2003-04-04

Para a maioria dos animais, a diferença entre andar e correr pode ser facilmente estabelecida pelo tempo que seus pés (ou patas) permanecem fora do chão. Mas elefantes sempre mantêm ao menos uma de suas patas apoiadas, mesmo quando se movem em velocidades maiores que 25 km por hora. Ou seja, a questão é: os elefantes realmente correm?